em 17/01/15
Murakami ganhou minha atenção no primeiro volume de 1Q84 e por isso resolvi seguir nesta saga. Encarei o segundo volume da trilogia com expectativa e um pouco sem saber o que viria, já que o primeiro tomo mescla suspense, ação e uma pitada de fantasia. Neste segundo volume as doses de cada componente mudam um pouco.
O suspense continua lá, já que ainda não sabemos o que vai acontecer com os dois personagens principais, Tengo e Aomame. E ainda não sabemos o que está causando as estranhas mudanças no mundo em que ambos vivem. Mas desta vez o clima de tensão aumenta muito em relação ao primeiro livre, pois as tramas começam a se encaminhar para algumas revelações.
A ação fica quase que totalmente a cargo de Aomame. A moça que já começa o primeiro volume envolvida em um assassinato passa o segundo volume também em meio a situações dessa mesma linha. Desta vez a sua missão é uma, específica e muito mais difícil dos que as outras pelas quais ela passou. O desfecho dessa missão é descrito nos detalhes mais ínfimos por Murakami, com a pressão psicológica atingindo níveis extremos durante esta passagem. É a partir desta missão que as coisas começam a ficar mais claras e o terceiro item, a fantasia, toma mais o seu espaço.
Neste segundo volume o autor é muito mais claro quanto a suas pretensões. Se no primeiro livro muitas vezes não temos certeza se ele fala em metáforas ou realmente se refere a pequenos seres humanóides (para ficar em um exemplo), aqui as coisas já ficam muito mais preto-no-branco. 1Q84 se revela uma obra com pitadas generosas de fantasia, ainda que Murakami mantenha sempre os pés bem fincados no mundo real dos anos 80. A linha pela qual essa fantasia segue é muito interessante e envolve aspectos de religião e mitologia que tornam a coisa toda ainda mais curiosa e prendem o leitor.
1Q84 representa uma evolução em relação ao primeiro livro, com certeza; mostra mais claramente as pretensões do autor e o que levou esta trilogia a ganhar fama; vejamos o que reserva o fechamento desta história, que mostrará definitivamente o que a obra-prima do incensado autor japonês tem a nos oferecer.
ResenhasTags: Alfaguara, Haruki Murakami, Literatura Japonesa
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