em 19/07/13
A filosofia pode passar por maus bocados e ser referenciada como auto-ajuda em determinados momentos banais. Eu, particularmente, acredito que o bom uso de situações condizentes com condições filosóficas, podem gerar algumas intenções de melhor produtividade pessoal e assim entrar no contexto de alguma literatura do tipo que exerce boas influencias para quem lê. E o livro resenhado pode até ser encaixado nesse meio, explorando um formato de desenvolvimento pessoal junto com análises e características filosóficas.
Boff é Teólogo e Filósofo, foi Franciscano e formulou a Teologia da Libertação, conflitando com a Igreja Católica, sendo expulso da congregação. Como escritor, diversifica suas obras entre livros de filosofia, teologia, espiritualidade e ecologia. No caso de A Águia E A Galinha, a condição humana é grandiosamente explorada e mostrada como uma relevante história que versa sobre possibilidades, limites, aceitação, desejo e o simbólico.
Quando uma águia é encontrada na floresta por um camponês, esse a leva com ele e a deixa em um galinheiro. Acreditando que estava cuidando do animal ferido, a deixa junto com galinhas e passa a cria-la como tais. Com o tempo passando e sua nova “rotina” aviária, a águia começa a se portar como uma galinha e seu modo de vida vai sendo alterado, se adaptando, até a chegada de um naturalista que visita o camponês, que discute sobre a condição em que o animal está sendo tratado.
Entre a defesa do naturalista de que a águia nunca poderia ter sua natureza alterada e o discurso do camponês sobre aceitação à nova vida de galinha que a ave de rapina foi sujeitada, o livro vai contando sobre a condição instintiva dos dois animais e com o passar das páginas, podemos entende um pouco mais sobre como a nossa própria condição humana é retratada a partir das qualidades e essências de cada ave.
A metáfora contida na narrativa exposta retrata questões de auto-estima, estado de superação e abrange também como cada ser é dotado de particularidades que não podem ser alteradas ou simplesmente suprimidas. Enquanto a águia se encontra em momentos de limitações entre as galinhas, o naturalista e o camponês debatem sobre o que ela pode e consegue fazer. Um acredita veementemente na força instintiva de sua natureza, enquanto o outro rebate esclarecendo que sua natureza não mais lhe pertence.
Mas quando uma ocasião de “tudo ou nada” é imposta à sua frente, os olhos da águia se enchem com a claridade do sol e então ela abre suas enormes asas e voa para o céu, soberana de sua realidade e “entendendo” que seu limite está além de um galinheiro junto à outra espécie. Aceitando que é maior do que certas imposições, a águia reaprende que não é uma simples galinha e volta a viver de acordo como o que sua condição basilar lhe concede.
Assim é com o homem e sua eterna guerra interna sobre o que consegue ou não, pode ou não, ser ou não ser. Todos podemos tirar conclusões sobre quem somos, de onde viemos, para onde vamos e sempre esses questionamentos nos afligirão em situações que nos encontramos como galinhas oprimidas, mas quando entendemos e percebemos que somos mais e podemos mais, nada pode impedir a natureza de seguir seu curso e evoluir.
ResenhasTags: Filosofia, Leonardo Boff, Vozes
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8 Comentários em “Resenha – A águia e a galinha”

Muito bem observado. Obrigado.
bom eu amei esse livro e gostei do resumão

Seja sempre bem vinda. Abraços.
Muito bem observado. Obrigado.
Acho essa história belíssima, acredito ter um pouco de mim nela,ja tive o comportamento de galinha, mas sempre acreditando que sou águia.
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Muito bom resumão! Muito obrigado
adorei, mas muda ai: é naturalista