em 03/11/15
Mais um capítulo passado em minha jornada de leitura de mulheres este ano. E dessa vez coloquei as minhas mãos no ganhador do prêmio Pulitzer 2015, A Sexta Extinção.
O livro é de autoria de Elizabeth Kolbert, colaboradora da revista The New Yorker desde 1999. Elizabeth dispendeu muitas horas de pesquisas para produzir uma obra que enquadra Biologia, Geologia, Geografia e História e tenta mostrar de forma clara uma proposição que a princípio parece simples: nós, os seres humanos, somos os grandes vetores de uma “sexta grande extinção” que ocorrerá (ou está ocorrendo) no planeta Terra.
A autora se utiliza de exemplos práticos para demonstrar seu ponto. As horas e horas de pesquisa de campo são traduzidas em capítulos sobre espécies como a Rã-Dourada-do-Panamá, o Mastodonte ou mesmo… o Homem de Neanderthal. A linguagem traz referências científicas e embasamento para não deixar nenhuma banca acadêmica decepcionada, mas ao mesmo tempo a autora tem grande habilidade para fazer referências mais populares e tornar o livro mais acessível (um exemplo: em um determinado momento há uma espécie que é comparada a… Lady Gaga. Sim.).
A tradução de Mauro Pinheiro está impecável. Um livro que traz alto nível de complexidade, com termos específicos, aparece com uma tradução que deixa a leitura fluir e que não comete erros. Ou, ao menos, eu não os encontrei. A edição também tem uma capa bonita e com textura agradável, além de algumas fotografias que enriquecem os capítulos.
Kolbert criou com este livro uma bomba. A verdade é que a leitura de A Sexta Extinção, por mais que prenda e deixe o leitor interessado, não é confortável. E não por lhe faltar qualidade, mas porque as informações e fatos que a autora reuniu nos dão total clareza do impacto que a raça humana causa no mundo. Após ter lido o (também muito bom) livro de Míriam Leitão sobre o futuro do nosso país, não é possível ler o relato de Kolbert e não pensar no quanto estamos sendo míopes em relação a nossas maiores riquezas ambientais. A visão de que a Amazônia e outros ecossistemas como ela seriam apenas reservas de riqueza prestes a ser exploradas e transformadas em dinheiro já nos trouxe muitos problemas e continuará trazendo. E enquanto a visão que esta premiada obra traz não for conhecida do grande público, as chances de que isso mude são poucas.
A Sexta Extinção deveria ser leitura obrigatória de Ensino Médio, principalmente no Brasil (tema de um dos capítulos). Já passamos do momento em que tudo o que este livro traz deveria estar na ponta da língua dos seres humanos. Se não o fizermos, como a própria autora indica, podemos ser a vítima derradeira da sexta extinção.
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O livro foi enviado pela editora.
ResenhasTags: Elizabeth Kolbert, Intrínseca, Não ficção
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