em 21/01/13
Verdades nuas e cruas chamam bastante a atenção para o fato de não mascarar a realidade, pois os acontecimentos está ali, à frente, condizem com o que muitas vezes é obscuro ou maquiado. Falcão é uma prova documentada do que acontece entre adolescentes e crianças que estão envolvidas com o lado mais sujo e deprimente que existe no “comércio” de drogas.
Relatos concisos, perceptivelmente diretos, fazem parte de cada história aqui contada (cada capítulo é uma acontecimento a parte). Discursos de mães que aprenderam a conviver com a perda de cada filho, a fala de amigos que presenciaram execuções ou a derrota de conhecidos para o tráfico, também estão presentes no livro. A narrativa nos leva a regiões e lugares tomados e arrasados por usuários que se perderam e foram destruídos sem compaixão ou qualquer ilusão, pois sonhos ou ideias são irremediavelmente deixados de lado.
Falcão nasceu como um documentário que desvendava a verdade por trás do mundo violento que consome (sim, ainda) cada vez mais os jovens em comunidades (e até mesmo fora delas), no Rio ou no Brasil a fora. Iniciado em 1998 e finalizado em 2006, chegou à Tv como quadro jornalístico no Fantástico e sua aclamação foi tamanha, que foi lançado um livro sobre essa realidade logo em seguida.
O rapper Mv Bill e o Celso Athayde (diretor, empresário responsável por vários eventos em comunidades do Rio) são os responsáveis pela experiência de relacionar o que envolve excesso policial, discriminação racial, segurança pública e o tráfico, descrevendo para as câmeras e as páginas do livro, o universo que garante o medo e horror de viver entre marginais e a corrupção social.
Somos envolvidos em toda a loucura que toma conta da vida de 17 jovens (16 foram assassinados e o único sobrevivente só não teve a vida ceifada por estar preso). Cada um denominado de “Falcão”, batizando aquele que fica responsável por vigiar a chegada da polícia e de avisar quando isso acontece.
O 1º capítulo do livro (O Prédio) já vale ele inteiro. É possível entender toda a narrativa do livro, assim como seria possível, só por esse capítulo, montar um filme capaz de explicar as vivências dos “facões” e pessoas próximas. No tal prédio, andar por andar, vamos sendo apresentados à viciados, crianças sem expectativa de vida, delinquentes desorientados e outras coisas suficientemente fortes para nos fazer refletir. Refletir o quanto não sabemos o que ocorre do lado de lá dos muros de nossas moradias.
Não somente o livro, mas vale muito a pena também assistir ao documentário filmado e no YouTube existe, divido em partes, o que já foi mostrado na tv. Indico não somente como material para conhecimento, mas também para análise de como existe um mundo além do que nossos olhos estão acostumados a observar e ainda é possível entender que isso pode ser apenas a ponta do iceberg.
ResenhasTags: Celso Athayde, Cufa, MvBill, Objetiva
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6 Comentários em “Resenha – Falcão-Meninos Do Tráfico”

Cara Gleice! Quando li Falcão, fiquei mesmo tocado e assustado com o que não aparece nas mídias usuais. O que é relatado, não está além do que possamos imaginar, mas sem dúvida impacta e nos faz pensar. Vale muito a pena viu.
Valeu pelo comentário e visita.
Beijão.
Responder
Esse resumão tá tão bem escrito que até fiquei um pouco constrangido por ter escrito o livro rs . Poucas coisas li sobre a obra com tanta lucidez, independente de ser elogio ou nao. tamo junto

Valeu pelo comentário Celso. Nos sentimos bem entusiasmados a ler e escrever cada vez mais quando temos essa participação do próprio autor.
Volte sempre, rsrs.
Comentário do autor é moral hem? =)
A resenha ficou muito boa mesmo, vou procurar o livro pra ler…

Valeu meu caro. O trabalho continua, kkk.
Tenho muito vontade de ler esse livor, sabe? Gosto de livros que nos dão um choque de realidade, nos tirando de nossa zona de conforto. É o que parece acontecer com esse.
Novamente, ótima resenha de um livro, infelizmente, pouco falado na blogosfera. 🙂
Beijoooos