em 28/11/18
Ficção científica é um segmento que me interessa bastante. No cinema já me considero um nerd e na literatura tenho me empenhado a ler cada vez mais sobre. Fora do âmbito artístico (literário e cinematográfico), sou mesmo um apaixonado pelo assunto e a escolha por ler Interferências e começar a conhecer a obra de Connie Willis caiu como uma luva. Mesmo esse não sendo um livro com altos índices futurísticos, a narrativa possui alguns aspectos e situações ficcionais curiosas e que trabalham muito bem a criatividade da escritora, que é bastante prestigiada e consagrada no meio.
Interferências está, como pude constatar, inserida no gênero por causa do enredo que é construído em torno de uma experiência impossível em nosso presente, mas tem mais uma áurea de Chick Lit (acredito, já que conheço pouco do gênero) do que a de ficção científica, propriamente dita. A autora nos apresenta um procedimento cirúrgico capaz de potencializar a empatia de um casal e fazer com que cada sentimento e emoção seja melhor captada por ambos.
Briddey é a mocinha da história, que namora com Trent. Os dois são executivos na Commspan, concorrente da Apple, e têm a missão de criar um smartphone que precisa revolucionar o mercado. Também temos C.B., um gênio da tecnologia indisposto às interações sociais e que vive enfurnado no porão da empresa. Trent tem a ideia do casal fazer o EED – a cirurgia empática -, mas em segredo. Tanto a família de Briddey, quanto a empresa em que trabalham, ou criam discussões contrárias ou confabulam fofocas intermináveis. Depois de muita implicância e mentira, os dois conseguem realizar o EED, mas uma pequena (ou grande) interferência acontece e ao invés de Trent, é C.B. que tem a mente ligada à Briddey.
Connie Willis constrói um enredo que promove situações que consegue trabalhar muito bem as características de cada personagem. Temos, diversas vezes, uma Briddey dependente e até submissa à família e ao namorado, mas também com forte personalidade e rebeldia em outros momentos. Um Trent admirado e cobiçado pelos colegas, mas controlador e egoísta. E chegamos ao C.B., que todos acham esquisitão, mas se mostra paciente e disposto a fazer o que deve ser feito.
O livro é grande, a história possui muitos momentos que poderiam ser escritos ou descritos com menos enrolação, mas Connie tem o dom da escrita e a leitura consome nosso interesse. Gostei muito de como tudo foi sendo desenrolado e minha curiosidade de como terminaria só crescia. Vale a pena e vale a dica.
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Livro enviado pela editora
ResenhasTags: Connie Willis, Ficção, Suma de Letras
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