em 20/05/13
Tenho com a matemática um relacionamento de amor e ódio. Quando eu conseguia fazer os exercícios eu me achava o próprio Einstein e o mundo era todo tapado. Quando eu não conseguia, minha cabeça ficava gritando que essa coisa de misturar letras e números não tinha mesmo como fazer sentido.
Então terminei o colégio e escolhi uma formação totalmente em humanas. E, assim, meu contato com essa ciência estranha e ingrata se resumiu a fazer contas de salário X o que eu gasto e como podem existir números tão negativos.
Mas Malba Tahan me fez repensar muita coisa e derrubar muitos dos meus preconceitos com a matemática.
O homem que calculava trata de Beremiz Samir – um calculista brilhante – e suas aventuras pelo Oriente Médio. Ele e nosso narrador se conhecem durante uma viagem e passam a viajar juntos pelo deserto. Ali, encontram aventuras onde o cérebro do calculista será posto à prova diversas vezes e colher os frutos de ser tão inteligente e criativo na resolução de conflitos númericos, por assim dizer.
Cada capítulo nos apresenta uma nova aventura e, com ela, um novo problema matemático que Beremiz resolve de maneira surpreendente e até divertida. Confesso que muitas vezes fiquei pensando na resolução simples que ele deu para alguns problemas e a maneira quase poética da explicação de Tahan. Ele consegue romancear os números e deixar o leitor não só com a sensação de que está realmente entendendo o problema como também aprendendo coisas totalmente novas (ainda que não sejam).
Eu tive bons professores de matemática mas nenhum conseguiu me explicar a base das coisas tão bem quanto Tahan o faz nesse livro – quanto mais eu lia, mais ficava claro que a didática do professor faz muita diferença na transferência de conhecimento.
Um dos leitores comentou que o ideal seria ler um capítulo por vez do livro para poder absorver melhor tudo o que está ali. E faz todo sentido. Ler aos poucos ajuda até na concentração para entender as explicações que Tahan coloca para cada resposta.
Enquanto eu lia o livro, eu senti perfeitamente a influência de As mil e uma noite (que é um livro fantástico também). O nível de detalhes da cultura oriental me deixou realmente impressionada – a forma de escrever também carrega toda a poesia que é possível encontrar em As mil e uma noites. E fiquei mais impressionada ainda quando descobri que Malba Tahan é, na verdade, o pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza – um brasileiro!
Em sua época ele fez tanto sucesso que o então Presidente Getúlio Vargas permitiu que ele usasse Malba Tahan em seus documentos nacionais.
Ler esse livro é uma aula dupla: você aprende matemática e, de quebra, ainda conhece um pouco mais sobre a história dessa ciência, os grandes nomes por trás dela e aprende muito sobre a cultura do meio oriente. É muito bem amarrado e excelentemente (?) bem escrito.
No final da minha edição, ainda temos uma lista de pensamentos de grandes nomes sobre a matemática e explicações mais detalhadas sobre cada problema. Acho que esse livro é uma boa ferramenta para, talvez, fazer jovens estudantes se interessarem mais pelos números e fórmulas e coisas que parecem não faz sentido mas que, claramente, são parte de tudo.
ResenhasTags: BestBolso, Malba Tahan
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3 Comentários em “Resenha – O homem que calculava”
Concordo com tudo. Esse livro abriu minha cabeça para algumas coisas. =D
Já peguei um livro de contos dele para ler também de tanto que gostei desse. Hihihii
Bjos.
Eu ainda estou na metade, mas já gostei muito do livro. Sua temática abrange não só a matemática mas alguma parte da cultura Árabe personificada em Beremir, o protagonista. Parabéns ao autor que se superou com essa obra.
Pilões-PB
Este livro é uma das obras mais interessantes que já li.
Pessoas que gostam de ler assuntos parecidos com o de este livro vão adorar assim como EU.
Recomendo para todos que tem o hábito de ler,e quem não tem passar a ter para ver o quando é bom pisicológicamente