em 14/05/18
Essa minha jornada no mundo dos livros tem me dado muitas alegrias. Dia desses chegou lá no direct do @coisasqueleio mensagem da Paula Mandel, falando que seguia minhas postagens e que queria me enviar seus livros. Eu topei e me diverti muito lendo os dois livros que ela me enviou.
Estou fazendo uma postagem única com dois livros, pois eles se complementam. “Onde os pombos dormem” é um livro de contos lançado em 2016 e nele há um conto intitulado “Café Azedo” que se tornou a primeira peça de teatro da autora e este ano (2018) foi publicado numa edição própria e bem caprichada. Paula mora em SP, atualmente estuda psicanálise e atende mulheres em situação de vulnerabilidade social.
O livro de contos “Onde os pombos dormem” traz textos escritos de forma vertiginosa. Paula não usa vírgulas. A gente é forçada a ler de um sopro só, praticamente. Há um conto intitulado “Abandonei junto com as vírgulas”, inclusive. Na minha humilde opinião há contos com parágrafos tão coesos que poderiam ser eles o próprio conto.
A autora tem uma escrita implacável e também lírica. Os temas abordados trazem a perspectiva da mulher, na maioria das vezes. Daquela que sofre, que é vítima, que escolhe seu caminho, que vivencia amores e dores, da que luta pelo pão do dia a dia. Traz violações e libertação. Em função de seus estudos em psicanálise, encontramos diversas referências a Nietzche, Freud, Lacan e Schopenhauer. Daí que temos contos intitulados “A cama de Nietzsche”, “O rato de Freud”, “O tresoitão de Schopenhauer” e “A noite do Lacan”.
O conto “Café azedo” narra a história de pessoas que frequentam determinado café numa área chique da cidade. Parte da perspectiva de três mulheres e suas observações sobre o que vai acontecendo no café, com as pessoas que estão nele ou passam na rua e também de análises pessoais das personagens sobre aquele momento específico de suas vidas. Então, é este o conto que se transforma na peça de teatro, na qual três personagens femininas intituladas, Café, Cacos e Mililitros vão narrando as cenas e as vivenciando. E agora é esta peça de teatro que se tornou livro. E a gente só ganhou com isso. Vai por mim.
São livros curtos, mas grandiosos. A capa do “Café azedo” é linda e nele encontramos algumas imagens da peça. É importante dizer que, para quem não leu o conto na edição de 2016, encontra ele na íntegra no “café azedo”. Que é dividido em duas partes. O conto já mencionado e a segunda parte com a peça. É nesta parte que tomamos contato com as cenas, as nuances de interpretação das três personagens, suas falas e o cenário.
Este é mais um livro que me fez querer assistir a peça, a exemplo da leitura que já fiz de Tom na Fazenda (já resenhado aqui no Poderoso). E me fez lembrar novamente que gosto de ler peças teatrais e que preciso retomar isso com mais freqüência.
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Livro enviado pela autora.
ResenhasTags: Benfazeja, Conto, Paula Mandel, Teatro
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