em 21/12/12
Religião é um assunto delicado quando se pretende escrever com imparcialidade e com total respeito, pois mexe com a crença e realidade de quem lê. A interpretação depende muito de como o texto é conduzido e da orientação do escritor. Hesse escreveu com maestria uma história que merece ser lida de tempos em tempos, pois, de tempos em tempos, a humanidade precisa entender o que verdadeiramente importa.
Li Sidarta ainda jovem, com meus 17, 18 anos. Já tinha enveredado pela filosofia budista e já era apaixonado pela vida de Buda. Sidartha Gautama me parecia um exemplo a ser seguido (assim como Francisco de Assis) desde a 1ª vez em que li sobre seus ensinamentos e sobre como chegou a ser o ser que atingiu a iluminação.
O Sidarta de Hesse é mais uma fábula sobre a vida do Buda do que um livro sobre o budismo em si. Tudo está ali, quase idêntico, até o nome do Buda, mas todo o enredo tem um ar de compartilhar a vida de outra pessoa, como se Sidarta não fosse exatamente o Gautama e somos apresentados ao Buda como sendo ele um personagens do livro. O que eu percebi como algo muito legal. Sendo assim, não parece outro livro qualquer sobre tal filosofia oriental, é como se existisse um outro personagem que trilha outro caminho para se tornar o Buda, além daquele que o do próprio perseguiu.
Sidarta era um rapaz que poderia ter de tudo em sua vida, mas sentia que algo lhe faltava (requisito fundamental para os sábios e heróis). Após decidir que gostaria de saber mais sobre o mundo além do povoado em que vivia, o enredo segue as aventuras de Sidarta e seu melhor amigo, Govinda. Vamos acompanhando sua caminhada para se libertar de qualquer tipo de conforto e ilusão que podia lhe ser imposta. A busca pelo conhecimento da verdade se funda com o caminho para a perfeição. Perfeição essa que condiz com o entendimento que na vida, desejo significa sofrimento e o nirvana é possivelmente alcançado quando nos iluminamos e descobrimos o caminho do meio.
O caminho do meio foi sendo percebido depois de muita experiência (“A corda muito apertada rebenta e muito frouxa não produz som”), onde prazer e privação, demais, se mostravam sem finalidade alguma, a não ser, sofrimento. Sidarta viaja em companhia de Govinda, até que o amigo se junta ao Buda e nosso protagonista prefere seguir seu próprio caminho e entender através da prática aquilo que não lhe interessava apenas pela doutrina falada.
Aqui a história vai enveredando por situações diferenciadas da do iluminado. Sidarta vive uma vida bem diferente da que o Buda viveu enquanto se permitiu alcançar o nirvana. Outro ponto positivo para Hesse.
O livro é muito fácil e rápido de ler. Além de ser pequeno, é de uma escrita ágil e gostosa. É um prato cheio para quem se anima com filosofia oriental e religiosidade. Para quem não está acostumado com tal tipo de leitura, segue como uma excelente opção iniciatória.
ResenhasTags: Ficção, Hermann Hesse, Record
Postado em:
4 Comentários em “Resenha – Sidarta”

Demorou, manda bala, vale demais a pena.
Livro fantástico. Estou com vontade de reler. E, como você mesmo escreveu, esse é um livro para ler de tempos em tempos, pois sempre a humanidade terá algo novo a aprender com ele. Obrigado pela resenha!

Seja sempre bem vindo, Eduardo!
Tá DEMAIS na lista de livros que quero ler LOGO!
Já que o mundo não acabou, tenho tempo.