em 27/02/13
Essa é uma história filmada e refilmada incontáveis vezes. Já tivemos Anna Karenina em coreano, francês e, claro, russo. Não assisti nenhuma dessas adaptações e, como fã da história, estava empolgada com o “remake” de Hollywood (que já teve outras versões do filme) com verba suficiente para transformar essa linda história em um belo filme.
O resultado foi meio a meio. A história foi apresentada de maneira poética como se o filme todo se passasse em um palco de teatro.
A novela de Liev Tolstói nos apresenta a sociedade russa através da socielite Anna Karenina e seu marido, o Conde Alexei Karenin. Alexei é ministro e orgulhoso de suas atribuições burocratas. Anna tem uma vida superficial em que busca algo mais profundo do que uma existência quase chata de festas e vestidos. Entra em cena Conde Alexei Vronsky – um jovem militar em plena forma física e com uma carreira brilhante pela frente.
Vronsky está na idade de se casar e já tem diversas candidatas mas tudo isso muda quando ele conhece Anna e se apaixona por ela. Levada pelo mistério do adultério e a excitação de algo finalmente acontecer em sua vida, Anna aceita Vronsky como seu amante. Apesar de ser mãe (e isso não foi bem apresentado no filme), ela abandona os filhos e vai viver com Vronsky em dado momento.
A sociedade russa da época era extremamente hipócrita e não via com bons olhos uma mulher adúltera enquanto homens traíam as mulheres diariamente – a própria Anna tenta convencer sua cunhada a aceitar seu irmão de volta depois que ele a traiu por acreditar que foi apenas algo momentâneo e que nada disso muda o amor que ele sentia – o que já nos diz o que Anna pensava sobre o assunto mesmo antes de ter um amante.
Em paralelo, temos a história de Kostya, apaixonado por Kitty e dono de terras no interior do país. Kitty estava interessada em Vronsky mas quando este demonstrou não querer casar-se com ela, resignou-se que poderia passar o resto da vida sozinha. Kostya teve que a pedir em casamento duas vezes para que aceitasse – a primeira, com a perspective de Vronsky fazer o mesmo, ela riu e não levou o pedido a sério. Da segunda vez, obviamente, a coisa foi bem diferente.
O drama é intenso e o roteiro foi realmente bem adaptado. Ainda assim, faltou alguma coisa. Keira Knightley me parece interpretar a mesma personagem de Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação (dois filmes baseados em livros consagrados). Sua Anna é cheia de caras e bocas e é isso. Jude Law está realmente interessante como o marido traído (e sim, o marido descobre). Ele consegue nos entregar um burocrata obscuro, inflexível mas apaixonado ainda que não saiba como demonstrar seus sentimentos.
Aaron Taylor-Johnson como Conde Vronsky é passável mas não memorável – talvez, aos 23 anos, o papel tenha sido muito grande para ele.
O visual do filme, no entanto, é realmente bonito e as cenas do campo parecem quadros de pintura. O cuidado com as vestimentas (o filme recebeu um Oscar de Melhor Figurino) é uma festa para os olhos.
Em seu livro, Tolstoi usa as cenas do campo e da cidade para nos mostrar dois países diferentes – o amor de Kostya é seguro, profundo e recatado. Em Moscou, o que temos é uma sociedade estranha, com pessoas que não parecem amar verdadeiramente ou o fazem de maneira fugaz. Uma obra prima que recebeu o melhor de Hollywood em efeitos especiais mas não em adaptação da história em si para a telona.
Semana de CinemaTags: Joe Wright
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